Adoção de medidas como redução no consumo de água e energia e instalação de áreas verdes contribuem para o bem-estar nas metrópoles
Investir na construção de edifícios verdes, ou na adequação de prédios antigos a novas práticas sustentáveis, é um dos caminhos para a criação de cidades que ofereçam mais bem-estar.
“Todo prédio vai trazer algum impacto. A questão é: como fazer isso de maneira não destrutiva, que traga valor para a cidade, crie espaços urbanos interessantes, e estimule o convívio?”, observa Milene Abla, vice-presidente e coordenadora do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).
Edificações verdes seguem parâmetros que variam conforme características dos projetos: podem ser para interiores, para novos edifícios, para reformas de prédios antigos. Padrões estabelecidos por órgãos do setor ou pelo poder público ajudam a organizar os critérios que definem um “edifício verde”. Entram aí itens como eficiência do uso da água e de energia, qualidade dos materiais utilizados na construção (como madeiras certificadas), qualidade interna do ar, conforto térmico, e localização e transporte próximo, por exemplo.
Uma construção verde pode ter ou não uma certificação. O processo é voluntário, isto é, a pessoa ou empresa responsável pelo prédio deve solicitar o selo e se adequar às diretrizes que ele estabelece. “Na prática, as certificações facilitam abordar a questão da sustentabilidade, porque estipulam padrões, criam um processo, e também são uma validação dessas práticas para o prédio que as adota”, explica Milene.
Brasil: no ranking mundial dos prédios sustentáveis
No Brasil, uma das principais certificações para prédios verdes é a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design, em português “Liderança em Energia e Design Ambiental”). O selo é conferido pela organização norte-americana Green Building Council (GBC), que tem uma representante aqui no país, a GBC Brasil.
Atualmente, o Brasil é o 4º país no ranking mundial de edificações certificadas com a LEED, presente em 167 países. Há no Brasil 1.302 projetos registrados. Destes, 489 certificados como construções verdes. O restante ainda passa pelas etapas de verificação para obter o selo.
Um dos exemplos é o prédio do Banco Central em Salvador. A nova sede buscou seguir os padrões da certificação internacional LEED. Foram adotadas medidas como utilização de energia solar, captação e uso de água pluvial em jardins e banheiros (vasos e mictórios), uso exclusivo de lâmpadas fluorescentes de alto rendimento, e sistema de refrigeração eficiente. “Com essas ações, espera-se que o custo de energia seja reduzido em 26,5%, e o consumo de água em 79,2%”, observa a arquiteta e engenheira civil Patricia Vasconcellos, do Creato, escritório responsável pelo processo de certificação.
O impacto positivo das construções sustentáveis pode ser observado pela capacidade do prédio de influenciar parte do seu entorno. Uma das possibilidades é o controle da quantidade de água da chuva que cai no terreno. Ao investir em áreas verdes permeáveis, por exemplo, com gramados, o prédio auxilia a rede pública de escoamento, e ajuda a evitar enchentes na região. Um segundo impacto é a redução na poluição luminosa. Ao iluminar a fachada de maneira planejada, o prédio pode evitar o desconforto visual dos vizinhos, por exemplo.
Além disso, há redução no consumo de água e energia. Segundo a GBC Brasil, isso representa de 20% a 25% no uso de energia e cerca de 40% quando se trata da água. “Se você pensar nas dificuldades causadas pela crise hídrica, por exemplo, a gente vê o quanto as edificações podem colaborar com o conjunto do espaço urbano. Você consegue fazer reduções de gastos que fazem sentido para a cidade”, observa o diretor-executivo do GBC Brasil, Felipe Faria.
Áreas verdes
Além de ajudar a escoar a água da chuva, a presença de vegetação também cria espaços de respiro nas construções e nas cidades. São alternativas para evitar o efeito “ilha de calor”, comum nas grandes cidades. Nas áreas construídas, há um aumento do calor provocado pelo concreto. “Incentivar a implementação de áreas verdes de diferentes formas, seja em tetos verdes ou em paredes verdes, diminui essa retenção de calor”, explica Milene Abla.
Fonte G1