Cases de sucesso: 6 empresas para se inspirar com cultura ESG
Os altos índices de poluição do ar, bem como o desmatamento de florestas e o uso inadequado dos recursos naturais são questões que vêm preocupando a sociedade. Desse modo, é urgente buscar por soluções que possam contornar as mudanças climáticas e que preservem a biodiversidade.
Além disso, os problemas sociais enfrentados mundo afora também são uma questão que carecem da atenção de todos. Portanto, para que essa não seja apenas uma preocupação do público, mas também das empresas, a cultura ESG vem sendo implementada por corporações do mundo todo.
Sendo assim, nos próximos tópicos desse artigo iremos falar mais sobre a cultura ESG, seu impacto social, ambiental e a valorização que ela traz para a empresa. Além disso, vamos trazer 6 cases de sucesso de empresas no Brasil que implementam a cultura de ESG para você se inspirar.
O que é ESG
O acrônimo ESG significa, na tradução livre, ambiental, social e governança corporativa. Desse modo, o ESG tem como função implementar uma cultura que preserve os interesses comerciais da empresa, mas traz as questões ambientais e sociais para o centro dos negócios.
Então, o ESG é definido como um padrão de boas práticas, a fim de avaliar se a empresa é sustentável, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Além disso, a cultura ESG também se preocupa com a gestão da empresa, avaliando as ações de governança da mesma.
Levando em conta estes fatores, a cultura ESG vai além de trazer consciência ambiental e social para a empresa. É também uma forma de demonstrar as boas práticas e posicionar uma marca no mercado, por exemplo.
Qual a importância de implantar ESG na empresa?
Como já dissemos no tópico anterior, a cultura ESG é fundamental para trazer as questões ambientais e sociais para dentro das empresas. No entanto, esses não são os únicos fatores para que o modelo de governança seja adotado nas corporações.
Ao adotar a cultura ESG, a empresa sinaliza para a sociedade que enxerga as mazelas que o mundo enfrenta e que atua no sentido de combatê-las. Com isso, é natural que as pessoas enxerguem a empresa como confiável e que a vejam como preocupada com a qualidade de vida de todos nós.
Tendo essa imagem positiva junto ao público, é natural que a empresa tenha mais respaldo na realização de projetos, valorize a marca e consiga até mesmo atrair novos investidores. No mais, confira nessa lista alguns dos benefícios que a empresa tem ao adotar a cultura ESG:
Valorização da diversidade na equipe;
Promoção de práticas sustentáveis;
Redução de custos e otimização no uso de recursos;
Transparência nas ações realizadas pela empresa;
Fortalecimento da marca junto ao público e aos investidores.
6 cases de sucesso de ESG no Brasil
Sabemos agora um pouco mais sobre o que é ESG e alguns dos benefícios que essa cultura pode oferecer às empresas no médio e longo prazo. Mas para implementar esse modelo de gestão é interessante também conhecer alguns cases de sucesso no mercado.
No Brasil, há empresas de diversos segmentos que se utilizam da cultura ESG para tornar a governança interna mais eficaz e responsável com as questões sociais e ambientais. Um destes exemplos é a Ambev. A empresa brasileira é a maior produtora mundial de cervejas e tem como diretriz reduzir o estresse hídrico, bem como aumentar a reciclagem de embalagens.
Portanto, vamos listar a partir de agora 6 cases de ESG no Brasil. Nestes tópicos vamos trazer algumas das empresas que implementam a cultura ESG nas suas organizações e quais as suas principais ações no sentido de reduzir o impacto ambiental.
1. Ambev
Como já dissemos, a Ambev é uma das principais empresas brasileiras da atualidade, sendo a maior produtora de cerveja no mundo. Ou seja, as ações de governança, sustentabilidade e políticas sociais que ela adota têm um grande impacto.
Na questão do meio ambiente, o foco da empresa é reduzir o impacto hídrico da produção cervejeira, bem como o uso de embalagens retornáveis e adoção de energia renovável. Em relação ao impacto social, a Ambev vem trabalhando em campanhas de consumo consciente de bebidas alcoólicas, além de investir na redução de acidentes de trabalho.
2. O Boticário
Outra empresa brasileira de grande notoriedade e que adota a cultura ESG é O Boticário. A empresa de cosméticos e perfumes define a “segurança, inovação e sustentabilidade’’ como sendo seus três pilares no sentido de tornar as atividades mais transparentes.
Nesse sentido, a Fundação Grupo Boticário atua desde 1990 na preservação de reservas naturais, pesquisas científicas voltadas ao meio ambiente, além de promover a educação ambiental para alunos do ensino fundamental.
Entre os objetivos traçados, vale o destaque para a taxa zero em emissões líquidas de carbono, bem como a contribuição para coibir o desmatamento da Floresta Amazônica e garantir a aplicação dos direitos humanos e a diversidade entre os profissionais da empresa.
Além disso, para que os gestores trabalhem com ainda mais afinco dentro da cultura ESG, a Natura estabelece que 20% dos bônus e remuneração variável sejam atrelados a estas metas.
4. Itaú
O maior banco privado do país, o Itaú Unibanco também atrela as metas de desempenho dentro das políticas ESG aos bônus e remuneração dos gestores. Para isso, são definidos três fatores de avaliação para definir se estão sendo adotadas políticas de Governança ambiental, social e corporativa.
As mudanças climáticas são o primeiro destes critérios. É cobrado dos gestores que sejam criadas estratégias climáticas através dos produtos e serviços que o banco oferece. Já a segunda métrica utilizada diz respeito à diversidade na equipe. Nesse sentido, a empresa busca dar maior espaço aos profissionais com diversidade de raça, gênero, bem como incluir pessoas com deficiência e LGBT+.
Por fim, a terceira meta dentro da cultura ESG que está vinculada à remuneração dos gestores do Itaú Unibanco é a transparência na comunicação. Nesse sentido, questões como qualidade das demonstrações financeiras e treinamentos sobre ESG são algumas das formas de atingir essa meta.
5. Uber
Apesar de não ser uma empresa brasileira, a Uber tem uma forte atuação no país. Desse modo, a empresa de tecnologia também adota a cultura ESG para a corporação aqui no Brasil.
Com isso, a Uber ostenta o título de ser a plataforma menos poluente do mundo. Para atingir esse feito, a empresa se comprometeu em 2020 a zerar a emissão de carbono, além de definir como meta para 2025 a transição para veículos elétricos, por meio do programa Green Future.
6. Magazine Luiza
Uma empresa brasileira que vem se destacando na realização de políticas afirmativas e na realização de projetos dentro da cultura ESG é a Magazine Luiza. A gigante do varejo nacional vem nos últimos anos implementando políticas que valorizam a diversidade, além de repensar o uso de recursos naturais.
Dentre as ações que fazem parte da cultura ESG realizadas pela Magazine Luiza, podemos destacar o programa de trainees realizado em 2020. Aquele processo seletivo foi direcionado apenas para pessoas negras, sendo essa uma forma de ampliar o número de pessoas negras que trabalham na empresa.
Amplie seus conhecimentos na Trevisan
Implementar uma cultura ESG dentro de qualquer empresa exige muito conhecimento, adequação aos conceitos, além da cooperação entre os profissionais e os gestores da empresa. Sendo assim, os cursos de qualificação podem garantir o sucesso da governança corporativa por meio de treinamentos dos cargos de gestão e dos colaboradores.
Na Trevisan Escola de Negócios você encontra diferentes opções de cursos que abordam o tema. Um deles, portanto, é o MBA Executivo em ESG e Impact. O curso, com duração média de 24 meses, período que pode ser alterado ao optar por aulas semanais ou às sextas e sábados, tem aulas ao vivo e também online, para que você possa acompanhar os conteúdos de forma mais confortável, além de interagir com os colegas de curso.
Portanto, acesse a página do curso para conferir mais informações sobre valores, aulas e matrículas. E você, o que achou desse artigo sobre cultura ESG? Deixe sua opinião nos comentários abaixo!
Empresas tentam evoluir conceito do uso do lixo por meio da reciclagem; veja a reportagem no Bom Dia Brasil.
Por Bom Dia Brasil
Foto: Reprodução/TV Globo
Palavra lixo ganha nova definição na Semana Mundial do Meio Ambiente
Na semana do Meio Ambiente, a palavra lixo ganhou uma nova definição nos dicionários – um significado que milhares de catadores já conhecem. É uma tentativa de mudar a imagem que a população tem do lixo. O que é descartado por uns pode gerar oportunidade e renda para muitas outras pessoas.
A imagem que vem à mente quando se trata do conceito de lixo nem sempre parece boa. Mas uma campanha está tentando mudar isso. E o dicionário já fez a sua parte. O significado agora é: “Qualquer material que ainda não pode ser reciclado ou reutilizado ou compostado”. A definição, inclusive, já foi atualizada até nos dispositivos tecnológicos.
“Qualquer material que não pode ser reciclado, reutilizado, ou compostado”, diz o dispositivo Alexa sobre o significado da palavra “lixo” — Foto: Reprodução/TV Globo
A ideia é começar mudando a palavra, a imagem que a gente tem dela, e terminar mudando a realidade do país, que só recicla 4% dos resíduos que produz. E a população também tem que fazer a sua parte: 70% das cidades brasileiras já têm coleta seletiva, mas só 30% dos moradores separam o lixo.
A atualização da definição da palavra lixo faz parte de um grande movimento criado por empresas e associações para que o material descartado que chega aos lixões seja percebido por outros ângulos, não só como um amontoado de coisas que não têm valor.
A mudança, no entanto, não é novidade para a catadora Raquel dos Santos. Para ela, o lixo sempre valeu muito.
“É de onde eu tiro minha renda, sustentar meus filhos, onde vou ter uma casinha. Aonde eu não deixo faltar nada pros meus filhos”, diz a catadora.
Para Raquel dos Santos, o lixo tem muito valor — Foto: Reprodução/TV Globo
O chefe do Instituto Antonio Houaiss de Lexicografia, Mauro Villar, afirma que a mudança do significado de lixo no dicionário tem como objetivo a atualização do termo junto à sociedade.
“As pessoas quando consultam dicionários querem ver um reflexo do mundo e querem ver as alterações, os sentidos das novas palavras, as alterações dos sentidos que a palavra tem. Se o dicionário não faz isso ele está morto”, define.
A também catadora Ana Cristina dos Santos também está atualizada com a definição da palavra lixo.
“Esse material é lixo? Não. Ele não é lixo porque é o sustento da gente. É um serviço digno demais da conta, garante a renda e a sobrevivência da gente”, argumenta.
Ana Cristina dos Santos exalta a dignidade do trabalho de reaproveitamento do lixo — Foto: Reprodução/TV Globo
Rio Drina passa pela Bósnia-Herzegovina, pela Sérvia e por Montenegro. Décadas após dissolução da Iugoslávia, região está atrasada em relação ao resto da Europa quando assunto é proteção ambiental.
Por Associated Press
31/01/2023 04h00 Atualizado há 5 horas
Resíduos flutuando no rio Drina perto de Visegrad, Bósnia, sexta-feira, 20 de janeiro de 2023. — Foto: AP Photo/Armin Durgut
Nas últimas semanas, um “lixão flutuante” se formou no rio Drina, ao leste da Bósnia-Herzegovina, após toneladas de lixo serem despejadas em aterros ribeirinhos mal regulamentados ou diretamente em vias navegáveis que passam pela Bósnia, pela Sérvia e por Montenegro e se acumularem. Na água, boiam garrafas plásticas, barris enferrujados, pneus usados, eletrodomésticos, madeira e qualquer outro tipo de lixo jogado no Drina ou em um de seus afluentes.
(Veja mais fotos abaixo)
Uma cerca instalada no rio por uma usina hidrelétrica da Bósnia, alguns quilômetros rio acima de sua represa perto de Visegrad, transformou a cidade em um depósito de lixo regional, reclamam ativistas ambientais locais.
As fortes chuvas e o clima excepcionalmente quente no começo de janeiro causaram o transbordamento de muitos rios e córregos na Bósnia-Herzegovina, Sérvia e Montenegro, inundando as áreas circundantes e forçando dezenas de pessoas a deixarem suas casas. As temperaturas caíram em muitas áreas na sexta-feira (20 de janeiro), quando a chuva se transformou em neve.
“Tivemos muita chuva e inundações torrenciais nos últimos dias e uma enorme entrada de água de Montenegro [afluentes do Drina], que agora, felizmente, está diminuindo”, disse Dejan Furtula, do grupo ambientalista Eko Centar Visegrad.
“Infelizmente, o enorme fluxo de lixo não parou”, acrescentou Furtula.
O rio Drina corre 346 quilômetros das montanhas do noroeste de Montenegro, atravessando a Sérvia e a Bósnia-Herzegovina, e alguns de seus afluentes são conhecidos por sua cor esmeralda e paisagens de tirar o fôlego. Uma parte do rio ao longo da fronteira entre a Bósnia e a Sérvia é popular entre praticantes de rafting quando não é a “temporada do lixo”.
Estima-se que cerca de 10.000 metros cúbicos de resíduos tenham se acumulado atrás da barreira de lixo do rio Drina nos últimos dias, disse Furtula. A mesma quantidade foi extraída nos últimos anos daquela área do rio.
A retirada do lixo leva até seis meses, em média. A remoção, no entanto, para no aterro municipal de Visegrad, que Furtula disse “nem tem capacidade suficiente para lidar com o lixo municipal”.
“Os incêndios no aterro [municipal] estão sempre queimando. [As condições são] não apenas um enorme risco ambiental e de saúde, mas também um grande embaraço para todos nós”, afirmou.
Atraso ambiental
Décadas após as guerras da década de 1990 que acompanharam a dissolução da Iugoslávia, os Bálcãs estão atrasados em relação ao resto da Europa, tanto economicamente quanto no que diz respeito à proteção ambiental.
Os países da região fizeram pouco progresso na construção de sistemas eficazes e ecologicamente corretos de descarte de lixo, apesar de buscarem a adesão à União Europeia (UE) e adotarem algumas das leis e regulamentos da UE.
Depósitos de lixo não autorizados estão presentes em colinas e vales por toda a região, enquanto o lixo cobre as estradas e sacos plásticos são vistos pendurados em árvores.
Além da poluição dos rios, muitos países dos Bálcãs ocidentais têm outros problemas ambientais. Um dos mais urgentes sendo o altíssimo nível de poluição do ar que afeta várias cidades da região.
“As pessoas precisam acordar para problemas como este”, disse Rados Brekalovic, morador de Visegrad.
Resíduos flutuando no rio Drina perto de Visegrad, Bósnia, sexta-feira, 20 de janeiro de 2023. — Foto: AP Photo/Armin Durgut
Barcos ao lado do ‘lixão flutuante’, no rio Drina perto de Visegrad, Bósnia, sexta-feira, 20 de janeiro de 2023. — Foto: AP Photo/Armin Durgut
É comum vermos em discussões que a regulação do mercado de créditos de carbono poderia trazer altos investimentos para o Brasil, elevando nossas perspectivas sustentáveis.
Mas você sabe o que são os créditos de carbono?
Basicamente, o mercado de créditos de carbono é uma medida ligada à sustentabilidade discutida e assinada durante o Protocolo de Kyoto, em 1997. Foi um acordo entre os países das Nações Unidas que estipulava algumas reduções para as intervenções humanas no meio ambiente.
Pelas suas características, o Brasil é um dos países com maior representatividade para ajudar a reduzir as emissões de gases poluentes que serão posteriormente transformadas em crédito, o qual será vendido às empresas que não conseguem promover essa redução em seus processos.
Para entender mais sobre esse tema, elaboramos este conteúdo. Nele, mostramos o que são os créditos de carbono, e qual é o papel do Brasil neste mercado em franca ascensão em todo o mundo.
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O crédito de carbono é um conceito que surgiu no ano de 1997, dentro do acordo ambiental do Protocolo de Kyoto. O grande objetivo relacionado a esse conceito é reduzir a emissão dos gases do efeito estufa no planeta para combater as mudanças climáticas que geram grande preocupação mundial.
Basicamente, o crédito de carbono é caracterizado como uma moeda utilizada no mercado de carbono, onde um crédito equivale a uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser produzido e liberado ao meio ambiente.
Além do mais, quando outros gases deixam de ser lançados no meio ambiente, são emitidos créditos com base em uma tabela de carbono equivalente. Para melhor entendimento, vale acompanhar o exemplo do Metano (CH4):
Assim como o CO2, o metano é também um GEE (causador do efeito estufa). No entanto, o seu potencial de aquecimento global é 21 vezes maior que o potencial do CO2. Então, 1 tonelada de metano reduzida ou retirada da atmosfera será equivalente a 21 créditos de carbono.
No mercado de crédito de carbono, as empresas que têm a possibilidade de diminuir a emissão de gases poluentes obtêm tais créditos. Estes, por sua vez, podem ser vendidos nos mercados financeiros nacionais e internacionais.
Já as empresas que possuem um nível de emissão de gases muito elevados, podem comprar créditos de carbono para compensar as emissões, investindo em processos sustentáveis de outras empresas.
Com isso, mesmo que indiretamente, 2 aspectos principais tornam-se possíveis:
Manutenção do projeto de redução das empresas que conseguem promover a redução da emissão de gases, além de equilibrar o nível de emissões de gases na atmosfera;
Contribuem para o desenvolvimento sustentável de comunidades mais pobres.
Como os créditos de carbono são gerados e comercializados?
Os créditos são gerados a partir do investimento em ações que promovam estratégias que gerem economia de baixo carbono, como o uso de energias renováveis, caso da energia eólica, solar e as diversas formas de biomassa.
Dessa forma, as empresas que mais conseguem reduzir suas emissões de gases, geram mais créditos de carbono. Esses créditos, por sua vez, serão vendidos para empresas que não conseguem atingir os limites mínimos de redução, compensando suas emissões. Com isso, há benefícios para ambos os lados.
É importante ressaltar que as principais particularidades sobre a negociação dos créditos dependem da regulamentação de cada país. No Brasil, o mercado de créditos de carbono é regulamentado por meio do Decreto nº 5.882 de 2006.
A comercialização é feita conforme as regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), podendo ser unilateral, bilateral ou multilateral.
Unilateral: essa modalidade relaciona-se aos projetos em desenvolvimento que ocorrem no próprio território. Esses projetos devem promover a redução da emissão de CO2, gerando créditos que poderão ser comercializados a um valor definido pelo próprio país que desenvolveu o projeto em território nacional.
Bilateral: nessa modalidade, os projetos elaborados por um país em desenvolvimento podem ser executados em um segundo país em desenvolvimento, que será denominado como “país hospedeiro”. Nela, o CO2 não emitido à atmosfera gerará créditos para o país que elaborou e implementou os projetos.
Multilateral: na terceira modalidade os projetos e as estratégias de redução de emissão de CO2 são implementados e financiados por fundos internacionais. Nessa modalidade, o valor do crédito de carbono é definido por esses fundos de investimento.
Brasil: Potencial gerador de créditos de carbono para o planeta
Pelas suas características baseadas em sustentabilidade, o Brasil possui grande representatividade no mercado de carbono, ficando atrás somente da Índia e da China.
Uma grande parte destes projetos tem relação direta com a biomassa, visto que a indústria brasileira usufrui de forma significativa no uso dessa fonte energética, considerada limpa e ecologicamente correta.
Diante disso, o Brasil é um dos países que apresentam estágios mais avançados em termos de preparação para o Protocolo de Kyoto e consequente produção de créditos de carbono, devido à ampla participação governamental e das empresas de ramos variados.
Assim, as perspectivas de crescimento do mercado de carbono são bastante otimistas para empresas brasileiras, inclusive, com possibilidades de rendimentos extras para indústrias dos mais variados setores e ramos de atuação.
Ou seja, o Brasil pode ser um dos grandes beneficiados no promissor mercado do carbono, sendo um importante gerador e vendedor de créditos de carbono.
Estimativas recentes indicam que o potencial de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil gira em torno de US$493 milhões e US$ 100 bilhões. Isso equivaleria a 1 gigaton (1bi de toneladas de CO2 equivalentes) ao longo da próxima década para os setores de agro, floresta e energia.
O país também apresenta todas as características que o colocam naturalmente como alvo de investimentos em projetos engajados com a redução da emissão de gases poluentes, como é o caso da produção do biodiesel.
Entre os projetos brasileiros que possuem a capacidade de gerar créditos de carbono no Brasil estão:
Uso de aterros sanitários, caracterizados por impedir o metano de ir para a atmosfera;
Uso de biomassa para produção de etanol. A queima de álcool libera quantidades de CO2 semelhantes à queima de gasolina, entretanto, na produção de álcool há um sequestro de carbono, compensando essa emissão;
Adoção da energia eólica, solar e de hidrelétricas;
Projetos sustentáveis em indústrias brasileiras de celulose e papel;
Troca, em muitos processos, do combustível fóssil por energia renovável, caso da biomassa.
Perante a todas essas medidas, a expectativa é que os créditos de carbono se comportem, em pouco tempo, como verdadeiros commodities. E as possibilidades brasileiras, devido à preocupação constante para com as medidas sustentáveis, são bastante grandes dentro deste mercado.
O pesquisador Antonio Carlos Freitas, da Embrapa Cocais, participa do recém-lançado Projeto SENSE – ação multi-institucional e internacional que se dedicará à inovação dos processos de mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE) em Sistemas Agrícolas – com o modelo computacional DNDC – “Desnitrificação e Decomposição” de adubos orgânicos/fertilizantes. O Projeto SENSE representa novo estágio das pesquisas diante de cenários de incertezas – como escassez de insumos e eventos extremos (chuva e seca, por exemplo) – o que demanda aplicação de técnicas de simulação computacional, possibilitando estudar cenários para minimizar incertezas e prejuízos.
Além da Embrapa Cocais, estão envolvidos no projeto a Embrapa Milho e Sorgo, líder do projeto, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Agrobiologia, Embrapa Agricultura Digital, Embrapa Trigo e Embrapa Cocais. Os países que integram essa pesquisa são: Escócia (Reino Unido), Holanda, Alemanha, Itália, Argentina e Uruguai, incluindo ainda a Nova Zelândia, de onde a Aliança Global para Pesquisas sobre Gases de Efeito Estufa na Agricultura (GRA), apoia os estudos realizados no Brasil e Uruguai.
De onde vem e para onde vai o lixo eletrônico que produzimos
Neste episódio do podcast Entre Vozes, Luciana Barreto propõe reflexão sobre impactos sociais e ambientais da dinâmica de consumo e produção de tecnologia
23/11/2021 às 06:00
Mesmo se não tivesse registrado a paisagem em sua tese e mais tarde em um livro, Kauê Lopes dos Santos ainda se lembraria com detalhes da primeira vez que visitou o maior depósito de lixo eletrônico do mundo em Agbogbloshie, Gana.
O lixo empilhado em montes de mais de dois metros de altura. Os homens e até meninos queimando componentes eletrônicos às margens do Rio Odawa, expostos a uma fumaça escura e tóxica. “O cenário é devastador”, relata. “Eu me lembro que a primeira vez que eu fui, voltei para o hotel e meio que perdi a esperança na humanidade.”
Neste episódio do Entre Vozes, mergulhando na pesquisa de Kauê, doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo, Luciana Barreto explora como nasce e onde vai parar o lixo eletrônico produzido em todo o mundo.
Por que, mesmo com legislações e tratados internacionais que impedem essa prática, os países desenvolvidos seguem enviando seus celulares, computadores e televisões sem serventia aos países do sul global? A dinâmica de formação dos depósitos de lixo eletrônico desperta preocupações sociais, e não só ambientais, e impõe uma reflexão sobre o papel do consumo desenfreado e dos modelos econômicos nas soluções para o problema.
Conferência da ONU para Mudanças Climáticas é oportunidade para governo mostrar ações concretas para preservação da natureza
Maria Eduarda Cardim – Correio Braziliense
Realidade ambiental do país, que sofre com recordes de queimadas e desmatamento, e as políticas públicas não dão sustentação ao discurso da comitiva brasileira que irá a Glasgow
Considerada crucial para o controle das mudanças climáticas, a COP-26, Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, que começa no fim de outubro, em Glasgow, Reino Unido, será uma chance para o Brasil tentar reverter a imagem negativa em termos ambientais frisada desde o início do governo Bolsonaro. Para especialistas, se o Brasil quer ter chances de sair bem-sucedido precisa dar demonstrações concretas de que está comprometido com a preservação ambiental.
Na conferência em 2019, o Brasil, representado pelo então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, ficou marcado como um dos países que se opuseram a metas mais ambiciosas e foi visto, por membros da sociedade civil, até como um dos vilões da COP-25. Agora, diante de um planeta cada vez mais quente, tanto o Brasil como outras nações precisam agir e são cobrados pelas ações adiadas contra o aquecimento global, que ficaram para 2020.
Desde então, o país trocou de ministro do Meio Ambiente e agora, comandado por Joaquim Leite, tem o desafio de levar à COP-26 ações concretas para enfrentar um novo teste de relações internacionais. O novo ministro promete que o país terá “posição de destaque” e “trabalhará para promover o crescimento verde”. Entre os preparativos estão reuniões com diversos embaixadores para promover o que Leite chama de “Brasil real”. “Será uma grande oportunidade para mostrarmos o Brasil real, que é o Brasil que cuida de suas florestas ao mesmo tempo em que promove o emprego verde”, defendeu.
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No entanto, a realidade ambiental do país, que sofre com recordes de queimadas e desmatamento, e as políticas públicas não dão sustentação ao discurso da comitiva brasileira que irá a Glasgow. Para reverter, é preciso ações práticas e metas contundentes. Para o diretor do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, se o Brasil quer ter chances de ser bem-sucedido na conferência, ou “ele dá passos e demonstrações concretas ou ele vai ficar apenas fazendo um papel feio de ficar dizendo que a culpa do que acontece no Brasil não é de quem desmata a floresta, e sim de quem nem sequer mora no país”.
“O Brasil se comprometeu a ter uma redução de 43% nas emissões de carbono, de 2005 a 2030, porém essa meta é considerada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) insuficiente para que o Brasil faça a diferença. Ou seja, além de não estarmos fazendo nada dentro daquilo que assumimos como compromisso, que seriam os 43% de redução, se quisermos, realmente, fazer a diferença, de acordo com o IPCC, o Brasil precisa aumentar sua meta para 50% de redução e fazê-lo em termos de redução absoluta, porque o Brasil tirou do documento que vai ser levado para a Escócia exatamente a previsão de que essa redução se faça em caráter absoluto”, finalizou Leitão.
Para o diretor-executivo do Instituto Global Attitude, representante da sociedade civil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, Rodrigo Reis, a postura do Brasil na COP-26 será ainda um teste no cenário diplomático. “A presença do Brasil na COP-26 não vai ser somente relacionada a clima. Eu acredito que será, de certa maneira, um teste de relações internacionais para ver como o Brasil vai se posicionar, neste momento, num palco multilateral”, concluiu.
Um novo informe do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) que será apresentado na próxima segunda-feira desmontará a tese negacionista de alas mais conservadoras e mesmo de membros do governo de Jair Bolsonaro. O documento, na avaliação de negociadores, colocará uma pressão ainda maior para que o Brasil apresente garantias de que conta com uma estratégia convincente para frear o desmatamento. Uma das principais mensagens do documento em sua versão original se refere às causas dessa transformação climática. Os cientistas afirmam de forma clara que é “muito provável” que as atividades humanas na emissão de CO2 sejam os “principais motores” do aquecimento desde 1979 e “extremamente provável” que a ação humana seja a causa da destruição da camada de ozônio.
Há mais de uma década, o IPCC constatou que as mudanças climáticas já eram uma realidade. Agora, apontam que tal cenário está intimamente relacionado com a atividade humana e que não se trata de um ciclo do planeta. O documento, o primeiro de tal dimensão em sete anos, está sendo negociado por cientistas e representantes de governos. Ele deve trazer constatações de que o mundo está caminhando para um ponto de “não-retorno” no que se refere ao impacto das mudanças climáticas e a elevação das temperaturas. Versões iniciais do rascunho do texto, obtidos pelo UOL, indicam que há um entendimento de que as consequências das mudanças climáticas irão redefinir a forma de vida no planeta . O documento final ainda pode sofrer algumas mudanças, dependendo da pressão de governos.
A lista de impactos da ação da sociedade sobre o clima é extensa. “A influência humana provavelmente contribuiu para o aumento da umidade atmosférica e extremamente provável contribuiu para as mudanças na salinidade oceânica”, diz o rascunho do documento.
“A precipitação terrestre média global provavelmente aumentou desde 1950, com um aumento mais rápido desde os anos 80, e com provável influência humana sobre o padrão das mudanças de precipitação observadas”, destacou o grupo vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2007. “Há uma alta confiança de que os rastros de tempestade e a precipitação associada no Hemisfério Sul mudaram de direção no verão desde os anos 70, associada à mudança de direção do jato extratropical que muito provavelmente foi causada em parte pela influência humana”, dizem os cientistas.
A influência humana também é considerada “muito provavelmente” como o “principal motor do recuo global das geleiras desde os anos 90 e de reduções observadas no gelo marinho ártico desde o final dos anos 70, e muito provavelmente contribuiu para a diminuição observada na cobertura de neve na primavera do Hemisfério Norte desde 1950.
Concentração de CO2
O levantamento constata ainda que as concentrações atmosféricas de CO2, metano e N2O são mais altas do que em qualquer momento em pelo menos 800 mil anos, e as atuais concentrações de CO2 não foram experimentadas por pelo menos 2 milhões de anos. “Desde 1850, o CO2 e o metano têm aumentado a uma taxa, e em uma quantidade, que excede as mudanças naturais entre períodos glaciais e interglaciais durante pelo menos os últimos 800 mil anos”, diz o rascunho, em mais uma constatação da influência humana.
Pressão sobre governos que não se comprometem em agir.
Fontes diplomáticas confirmaram à coluna que, se mantidas no texto final, as conclusões dos cientistas serão usadas por governos para pressionar países que não tenham demonstrado compromissos suficientes na redução de emissões ou na taxa de desmatamento. O Brasil, na visão de vários dos negociadores, estará na linha de frente do alvo da pressão internacional.
Ao constatar a relação entre a atividade humana e o clima, a esperança da comunidade internacional é de que não haja desculpa para não agir. Por meses, membros do governo brasileiro insistiram que, ainda que a questão seja fundamental, não seria a ação humana a explicação para o aquecimento do planeta. Desde 2019, o então chanceler Ernesto Araújo deixou claro que não compartilhava com as conclusões da ciência sobre o aquecimento global e nem com o papel das atividades humanas. Dentro do governo também foi divulgada a tese de que o “ambientalismo” seria uma forma de a esquerda ditar a agenda política.
“O ponto principal da ditadura do clima, do climatismo, é o fim do debate político normal”, denunciou o então ministro. Numa sessão do Congresso, ele ainda apontou supostos equívocos nas medições atuais das temperaturas. “Não há um termostato que meça a temperatura global”, disse. Um dos argumentos dele é de que termômetros que foram colocados em certos lugares nos EUA há décadas hoje estariam próximos às cidades, pelo crescimento dos centros urbanos. E que isso, e o asfalto, teriam influenciado na medição. Antes mesmo de ver seu pai assumir a presidência, o deputado federal Eduardo Bolsonaro gravou um vídeo nos EUA dizendo: “Que aquecimento global é esse?”, disse o filho do presidente, num local repleto de neve. “Não deixe que o discurso, principalmente dos globalistas, matéria em cima de matéria, jogando essa mentira para vocês, que ela reste sedimentada como verdade [sic]”, afirmou.
Nas redes sociais, em 2019, seu irmão Carlos insistiu; “Só por curiosidade: quando está quente a culpa é sempre do possível aquecimento global e quando está frio fora do normal como é que se chama?” O comportamento do governo foi além das redes sociais. Ainda na chefia do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles visitou nos EUA o Competitive Enterprise Institute (CEI), uma entidade que questiona o aquecimento global. Tais reações, aliadas ao desmatamento recorde na Amazônia e incêndios na floresta, levaram o governo a ser alvo de questionamentos internacionais. Acordos comerciais, como o pacto com a UE, foram paralisados e fundos de investimentos passaram a cobrar ações do país.
Amazônia: seca virá antes do previsto.
A pressão, porém, não vai perder força. Para 2022, num outro trecho do informe do IPCC, um dos pontos de alerta é a situação da Amazônia. A avaliação dos cientistas é de que uma mudança no regime de chuvas poderia ocorrer antes do previsto e atingir a região nos próximos 30 anos. O texto final para 2022 ainda pode mudar. Mas fontes que participam da reunião garantem que o tom será o de “alerta máximo”. “O pior está por vir, afetando a vida de nossas crianças e netos muito mais que as nossas”, alerta um dos trechos do documento.
Uma das constatações é de que os cálculos de que o planeta sofreria um aquecimento de 1,5 graus Celsius até o final do século não explicam todos os impactos. A nova conclusão é de que um aquecimento prolongado ao longo de décadas geraria “consequências irreversíveis”, antes mesmo do ano de 2100. O documento também constata que o clima já está sendo transformado, mesmo com o aumento das temperaturas não tendo atingido a marca de 2 graus Celsius. No início do século 21, a percepção era de que, se tal taxa não fosse atingida, o planeta poderia manter seu atual equilíbrio.
A nova avaliação do IPCC, porém, indicará que vários dos pontos de inflexão no planeta já foram superados ou estão a caminho de uma situação irreversível se não houver uma ação urgente. Uma vez ultrapassadas essas marcas, a recuperação será praticamente inviável. Os cientistas ainda alertam que, se novos ecossistemas poderão surgir e novas espécies se adaptariam, o impacto sobre os seres humanos seria profundo diante de sua incapacidade de se adaptar. “A vida na Terra pode se recuperar de uma mudança climática dramática. Humanos não”, alertou.
Luis Antonio Kioshi Aoki Inoue luis.inoue@embrapa.br
Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS
No crescente mercado de produtos naturais, destaca-se o emprego de óleos essenciais em diferentes áreas do conhecimento, inclusive a aquicultura. O princípio é de que muitas plantas são capazes de sintetizar moléculas impossíveis de se obter em laboratório ou ainda essa produção seria economicamente inviável. Essas moléculas estão presentes em pequenas quantidades nas partes das plantas (raízes, folhas, caules, flores, frutos) e para que se obtenha quantidades maiores são feitos os extratos botânicos ou a obtenção dos óleos por hidro destilação. Esses produtos (extratos ou óleos) são analisados em laboratório para ser traçado o seu perfil de componentes químicos. Dessa forma, é possível direcionar as pesquisas a respeito dos usos potenciais destes extratos e princípios ativos.
Nas práticas rotineiras na piscicultura, o manejo inevitavelmente está presente, sendo os peixes manuseados para fins de gerenciamento de campo da produção, como em pesagens, contagens, transporte e transferências entre tanques. Entretanto, nessas ocasiões o equilíbrio dos peixes com o ambiente é quebrado, de forma que o metabolismo animal se altera no sentido de produzir energia extra para ser utilizada em fugas, lutas ou adaptações fisiológicas dos animais às novas condições. Esse conjunto de reações do metabolismo é chamado estresse que, quando em intensidade e duração excessiva, pode comprometer a produção aquícola.
Dessa forma, uma das maneiras de se prevenir o estresse em peixes durante o manejo é o uso de anestésicos. Muitas espécies de peixes se movimentam em excesso durante o manejo, podendo sofrer injúrias nas superfícies dos corpos por abrasão ou impactos por quedas, bem como perda de muco. Doenças podem se manifestar alguns dias depois, levando até a mortalidade em massa e prejuízos econômicos. Ainda algumas espécies como os bagres pintado, cachara e surubim apresentam ferrões que podem ferir os outros peixes e até mesmo os trabalhadores. Porém, um dos únicos anestésicos regulamentado para peixes é a tricaina metano sulfonato (MS 222). Além de ser um produto importado, apresenta custo inacessível para muitas unidades de piscicultura no Brasil. Em adição, necessita O anestésico natural para peixes mais estudado é o óleo de cravo, extraído de partes da planta de cravo da Índia por hidro-destilação. O seu componente majoritário é o eugenol. Um produto anestésico comercial para peixes é produzido a partir do isoeugenol e descrito em outros países, como Austrália. O óleo de cravo tem vasto uso em seres humanos como aromatizantes em alimentos e, na odontologia, o eugenol é amplamente utilizado na composição do preenchimento temporário com o óxido de zinco. Isso quer dizer que se um peixe que foi anestesiado com eugenol for acidentalmente consumido, o indivíduo estaria exposto a uma quantidade de eugenol muito menor do que a recebida em uma restauração dentária. Além do mais o tempo de eliminação do eugenol é muito inferior aos 21 dias citado acima para o MS 222.
Outro anestésico natural para peixes conhecido é o mentol, presente em óleos de algumas espécies de hortelã, principalmente Mentha arvensis e Mentha x piperita. O mentol também tem vasto uso em seres humanos, como as indústrias alimentícias e farmacêuticas.
Diversos grupos de pesquisas no Brasil têm estudado o uso de óleos essenciais como anestésicos naturais para peixes. Destacam-se os estudos com os óleos de cidreira (Lippia alba), alecrim pimenta (Lippia sidoides), alfavaca cravo (Ocimum gratissimum), jambú (Spilanthes acmella), cidrão (Aloysia tryphila) e melaleuca (Melaleuca alternifólia). Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste trabalham com o uso de óleos essenciais na aquicultura. Possuem patentes depositadas e seguem os trabalhos buscando parcerias para o lançamento de produtos naturais no mercado. A Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) obteve bons resultados em um projeto financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado do Mato Grosso do Sul (Fundect TO 126/2016). Na região Sul do Brasil destaca-se a Universidade Federal de Santa Maria com trabalhos de uso de óleos essenciais como anestésicos do bagre jundiá.
De toda forma, não quer dizer que por ser em produtos naturais não necessitam de cuidados para uso em peixes. Os peixes devem ser expostos às concentrações adequadas para cada espécie e tamanho, de forma a atingir um estágio anestésico satisfatório para a execução de determinada prática de manejo, e por tempo adequado para evitar superexposição. Exemplo, para pesar e medir peixes utiliza-se o estágio 3 de anestesia, caracterizado como a perda total de equilíbrio do peixe na coluna de água, sendo observada total incapacidade para volta à posição normal de nado, também conhecido como o estágio de anestesia dos “peixes de barriga pra cima”. De forma geral, os peixes não devem ficar mais do que 5 a 10 minutos nas soluções anestésicas sob o risco de não retornarem da anestesia ou sofrem danos irreversíveis como descrito na literatura científica nas córneas e lamelas branquiais.
Muitos trabalhos avaliam respostas fisiológicas de peixes anestesiados com óleos essenciais. Amostras de sangue e tecidos são coletadas antes, durante e depois dos banhos anestésicos. De maneira geral, as alterações fisiológicas estudadas são detectadas com mais intensidade logo após as exposições aos óleos essenciais como anestésicos. Recuperação total dos indivíduos deve ser observada poucas horas depois. No que se refere ao tempo de eliminação de componentes majoritários dos óleos essenciais da corrente sanguínea de peixes, foi constatado que peixes anestesiados com os óleos de Lippia alba e Lippia sidoides eliminaram a maior parte em menos de duas horas depois da anestesia e retorno à agua limpa livre de qualquer produto. Vinte e quatro horas após as concentrações na corrente sanguíneas eram mínimas até que em 48 h eram indetectáveis.
Durante o uso de anestésicos em peixes, os técnicos e trabalhadores da piscicultura entram em contato, ainda que mínimo, com os diferentes produtos. Assim, existe a preocupação do contato repetitivo em longo prazo. Peixes expostos ao óleo de cidreira não apresentaram alterações dos micronúcleos das células sanguíneas, enquanto que peixes expostos ao eugenol sim. Porém, mais estudos são necessários, especialmente a respeito dos possíveis efeitos dos óleos essenciais aos seres humanos, ainda que em trabalhos in vitro.
A prática do uso de anestésico no manejo de peixes é necessária e importante. Para tal, existem inúmeros produtos disponíveis no mercado, com destaque aos óleos essenciais. Os produtores precisam utilizá-los da forma correta e segura, de maneira que os benefícios do uso de anestésicos sejam obtidos sem trazer transtornos à sua produção.–
Sílvia Zoche Borges (MTb-MG 08223 JP)
Analista A
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Agropecuária Oeste
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Dourados / MS
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Por ano, a empresa líder no segmento de galpões lonados roda cerca de 2 milhões de quilômetros e em todas as rodovias do país
Convivência harmônica e segura, responsabilidade, prudência e respeito. Esses são alguns dos objetivos do Maio Amarelo, mês em que, há sete anos, se reforça a importância da conscientização e prevenção para um trânsito seguro em todo o país. Mesmo com diversas campanhas e uma legislação robusta, os números mais recentes do Ministério da Saúde impressionam: apenas em 2019 foram mais de 31 mil vidas perdidas em acidentes de trânsito.
Diante dessa realidade, empresas privadas têm se mobilizado cada vez mais para mudar esse quadro, como é o caso da Tópico Galpões, líder no mercado nacional de galpões lonados. Com uma trajetória de mais de 40 anos no mercado, a companhia, que possui sede e fábrica em São Paulo, percorre cerca de 2 milhões de quilômetros ao ano para atender diversas empresas em todos os estados.
Para garantir a segurança de todos os colaboradores no deslocamento viário, no último ano, a Tópico investiu mais de R$ 5 milhões somente na renovação de toda a frota – o equivalente a cerca de 100 novos veículos automáticos – e em equipamentos como enchedores automáticos de pneus.
“A segurança dos nossos colaboradores no trânsito é pensada em todas as etapas do processo, ou seja, desde o treinamento de quem conduzirá o automóvel, até o limite de velocidade. Por isso, criamos uma política interna de trânsito, na qual temos um sistema que monitora e indica, em tempo real, a velocidade do veículo. Além disso qualquer automóvel só pode rodar até 700 quilômetros por dia – algo que também controlamos. Caso algum limite seja ultrapassado, imediatamente recebemos um alerta e entramos em contato com o condutor para checar o ocorrido”, explica o Gerente de Operações de Campo, Mauricio Matias.
As regras da política interna da Tópico tem gerado resultados bastante positivos: no último ano, por exemplo, foram registradas apenas 14 ocorrências leves, sem nenhum dano às vidas dos condutores.
“Percorremos todas as rodovias do Brasil e sabemos dos riscos, pois, infelizmente, não são todas que possuem um bom estado de conservação. Por isso, a nossa preocupação com a saúde dos colaboradores é máxima!”, pontua Maurício.
Volante de Ouro – E para incentivar os colaboradores condutores a continuarem seguindo as boas práticas da empresa no trânsito, o setor de Segurança do Trabalho criou, em 2019, o troféu ‘Volante de Ouro’ para premiar os melhores motoristas da empresa.
Para participar da premiação é necessário que o colaborador não tenha infringido nenhuma lei do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e nem violado as regras internas da companhia.
Sobre a TÓPICO Fundada há mais de 40 anos, a Tópico é a empresa líder no mercado nacional no segmento de infraestruturas flexíveis. Com mais de 2,5 milhões de m² instalados, a empresa – que vende e aluga galpões flexíveis – contabiliza mais de 800 empresas em carteira, sendo a maioria indústrias dos mais diversos setores, agronegócio, empresas de logística, infraestrutura e serviços em geral.
Com fábrica própria e centro de distribuição localizados em Embu das Artes, São Paulo, a empresa também possui filiais estratégicas pelo País: em São Paulo (capital), Contagem (MG), Simões Filho (BA) e Parauapebas (PA). Em 2014, a Tópico teve seu controle adquirido pelo fundo de “Private Equity” Southern Cross Group, presente em seis países.