Como na maioria dos grandes países, a utilização de automóveis privados nas grandes cidades já chegou ao limite. Trânsito caótico, poluição e stress são termos que estão deixando de fazer parte do vocabulário dos europeus, Estados Unidos e Austrália, que atingiram o pico máximo de automóveis nas ruas em 2004. Felizmente, desde então, tem-se notado significativa diminuição das percentagens de veículos.
De acordo com um estudo coordenado pelos investigadores Peter Newman e Jeff Kenworthy, do Instituto de Sustentabilidade da Universidade de Perth (Austrália), e foi revelado há dias pela imprensa australiana.
Newman e Kenworthy, responsáveis, nos anos 80, pela expressão “dependência do automóvel”, explicam que o fenômeno é idêntico ao do pico do petróleo. “Ainda não estamos a sentir os grandes impactos, mas já passámos pelo pior. E esse pico na utilização do carro per capita chegou em 2004 em todo o mundo. Muitas das cidades norte-americanas estão mostrando significativas diminuições na utilização do carro”, de acordo com Peter Newman.
Segundo os responsáveis, há seis razões fundamentais para este desenvolvimento pouco esperado. Veja os argumentos:
1. Já atingimos a parede de Marchetti.
A parede de Marchetti é um fenómeno que diz que os cidadãos estão biologicamente preparados para não demorar mais do que uma hora do seu dia a chegar ao trabalho e voltar a casa. À medida que as cidades atingem essa tal hora de tolerância, as pessoas começam a deixar o carro em casa e investir, por exemplo, em viagens de comboio.
2. Crescimento dos transportes públicos.
Tal como o próprio nome indica, o crescimento do trânsito nas cidades esteve sempre relacionado com uma fraca resposta do sistema de transportes públicos local. Com o investimento nestas infraestruturas, o carro pode voltar à garagem. Pelo menos durante a semana.
3. Declínio dos subúrbios.
Os subúrbios deixaram de estar na moda, sobretudo devido a problemas de congestionamento. Hoje, os pequenos supermercados voltaram aos centros das cidades e até aos bairros de escritórios. E mesmo nos bairros que circundam a cidade há um maior investimento no comércio local, onde se pode ir a pé.
4. Envelhecimento das cidades.
A idade média das pessoas que vivem nas cidades está a aumentar. Esta faixa etária tende a andar menos de carro. Aqui está um argumento simples e fácil de entender.
5. Crescimento de uma cultura de urbanismo.
Uma das razões responsáveis pela menor utilização dos carros na cidade é o regresso das pessoas à cidade. De acordo com o estudo dos dois investigadores, há pelo menos uma década que as pessoas estão a voltar às cidades, deixando os subúrbios… e os carros.
6. Aumento dos preços dos combustíveis.
O argumento mais fácil de entender.
O que não está incluído na pesquisa, entretanto, que é válido ressaltar, é o crescimento da conscientização ambiental das pessoas, por mínima que ela seja. Muitos estão deixando seus carros em casa, optando por se utilizar de bicicletas ou outros meios de transporte mais práticos e não poluentes.
Essas podem ser as razões para que as cidades europeias, Austrália e EUA tenham conseguido diminuir o trânsito de veículo nas ruas. No Brasil, porém, estamos caminhando para uma mudança realmente significativa na cultura do automóvel, que prevalece na maioria das grandes cidades ainda. Atenção gestor, incentive o seu município a reduzir o trânsito e pense na qualidade de vida de sua cidade. Invista em transporte público e em programas de transportes sustentáveis.
*Com informações de Greensavers Portugal