Eduardo Cunha já sabia que seria preso e preparava arsenal contra partidos.
Eduardo Cunha escrevia “enlouquecidamente” seu livro sobre o impeachment de Dilma Rousseff, que serviria como uma “delação informal”
A prisão de Eduardo Cunha (PMDB) não foi exatamente uma surpresa para ele. Isso é o que afirma o jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira (20), que denuncia que o ex-presidente da Câmara dos Deputados já havia conversado com pessoas próximas sobre a expectativa de ser preso.
No período anterior à sua prisão, o deputado cassado teria dedicado o seu tempo a duas tarefas: preparar a sua defesa na Justiça e construir um arsenal contra partidos, em uma espécie de “delação informal”, em formato de livro. Nos últimos dias, Eduardo Cunha escrevia “enlouquecidamente” seu livro sobre o impeachment de Dilma Rousseff e a atual crise política no Brasil.
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Em recente conversa com o jornal, o peemedebista disse que seu livro já tinha mais de cem páginas prontas. Para colocar suas “memórias” no papel, ele levantou agendas antigas de compromissos públicos e privados. Há meses vinha também esquadrinhando todas as doações que capitaneou para o PMDB, um levantamento que delegou ao corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, que acabou preso em julho.
Ainda segundo a publicação, Cunha não se dedicou apenas às contas do PMDB. Ele também teria feito uma série de estudos sobre o caixa petista.
Em setembro, questionado se havia feito o estudo pessoalmente, respondeu: “Fiz”. E por que dedicava tempo a isso? “A gente tem sempre a curiosidade para ver o financiamento dos partidos. Montante e origem. É informação. Faço para os meus argumentos.”
Defesa nas redes sociais
Cunha usou as redes sociais para condenar a decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. Em nota, classificou sua prisão como “absurda” e “sem motivação”, além de afirmar que Moro “não é competente para deliberar” sobre seu caso.
“Trata-se de uma decisão absurda, sem nenhuma motivação e utilizando-se dos argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal. A referida ação cautelar do Supremo, que pedia minha prisão preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretação de prisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem como de fatos atinentes a outros inquéritos que não estão sob sua jurisdição, não sendo ele juiz competente para deliberar”, escreveu o deputado cassado.
Eduardo Cunha também acrescentou que seus advogados “tomarão as medidas cabíveis para enfrentar essa absurda decisão”.