A Fenep identificou a saída de estudantes de escolas privadas, principalmente das classes C e D – parcela da população que teve ganho de poder aquisitivo antes da crise e agora sente mais os efeitos da desaceleração econômica.
“Essas classes tinham o sonho de colocar os filhos na escola particular e, com os cortes que fizeram no orçamento, a escola não coube mais”, analisa Amábile. Segundo ela, houve aumento de 3% a 4% de matrículas nas escolas que atendem predominantemente as classes A e B.
Somente no Distrito Federal a rede pública recebeu 10 mil solicitações de matrículas a mais neste ano do que em 2015. O subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação Educacional da Secretaria de Educação local, Fábio Pereira, concorda que o principal motivo para o aumento da demanda foi a crise e o encarecimento das mensalidades escolares.
“A Secretaria de Educação recebe em média 30,32 mil solicitações de novas matrículas a cada ano. Neste foram cerca de 42 mil. Isso certamente reflete a transferência desses alunos da rede particular para a pública e também a chegada de novas crianças ao Distrito Federal”, avalia.
Retorno
De acordo com Fábio Pereira, além da crise há também um movimento de retorno da classe média para a escola pública motivado por incentivos como a reserva de vagas em universidades para estudantes vindos das rede pública.
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Segundo ele, a rede pública do DF se preparou para receber mais estudantes: “Isso já era esperado. Então, ao longo de 2015 buscamos reorganizar a rede, ampliamos escolas, fizemos reformas e locamos novos espaços justamente para atender essa demanda”.
O diretor executivo da Associação Lecionar Unificada de Brasília (Alub), Alexandre Crispi, afirma ter observado intenso movimento de migração de estudantes mesmo entre escolas privadas – das mais caras para as mais baratas. Ele conta que as matrículas nas unidades da rede Alub, com na classe C, cresceram 14% neste ano.
Segundo Crispi, muitos pais fazem cortes e remanejam gastos para manter os filhos na escola particular. Além de mudá-los de escola, em função do preço, as famílias têm recorrido ao corte no transporte escolar, cursos de línguas e aulas de esportes.
Menos despesas
Frederico de Carvalho, que trabalha na área de marketing esportivo e cultural, recorreu a duas alternativas para reduzir os gastos com os estudos dos filhos para este ano: transferiu o mais velho, de 17 anos, da rede particular para a pública, e migrou a mais nova, de 4 anos, a uma escola privada mais barata do que a anterior.
Para o filho, Carvalho procurou uma instituição pública com bons resultados na aprovação de estudantes na Universidade de Brasília – e a mudança foi aprovada. “Ele está satisfeito porque sabe que quem faz a escola é o aluno. E o terceiro ano lá é bem puxado para quem está querendo realmente estudar”. O produtor diz que, com a economia do remanejamento, será possível usar parte do dinheiro da mensalidade para abrir uma poupança ao filho mais velho.
Fonte IG
2 Comments
Allan Victor
No Brasil temos muitas crianças pobres cujos pais não estudaram. E em muitos casos, esses pais não têm repertório para participar dos debates sobre as mudanças nas escolas, nem sabem como pressionar por melhorias. A volta da classe média à escola pública tenderia a ajudar nesse ponto, o que pode ser um efeito inusitado da crise econômica
lucas correa
Com a crise não está fácil para ninguém , pois todos temos que nos adaptar às mudanças da vida . Mas que isso seja somente uma fase para essas crianças , pois a mudança de ensino é muito grande