A galeria da Câmara de Mogi das Cruzes ficou lotada nesta terça-feira (4) de funcionários da Prefeitura que aderiram à greve. Alguns até ficaram para o lado de fora. Representantes do sindicato apresentaram as reivindicações ao presidente do Legislativo, Rubens Benedito Fernandes, o Bibo (PR).
A paralisação começou na segunda-feira (3) e, segundo o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, tinha a adesão de mil funcionários nesta terça-feira (4). Já a Prefeitura disse que a adesão continuava a mesma do primeiro dia, de 180 funcionários. A administração municipal ainda afirmou que considera que a greve foi realizada em período inadequado, já que o dissídio coletivo aconteceu em 1º de março, quando houve reajuste de 5,1% baseado no IPCA. A Prefeitura também afirmou que não haverá negociação.
nesta terça (4). (Foto: Douglas Pires/G1)
O presidente do Legislativo atendeu uma comissão de grevistas em seu gabinete. “Nós ouvimos todas as reinvindicações. Tem coisa que é até fácil de resolver, mas outras são impossíveis. Não vou entrar em detalhes porque não será eu que vou resolver isso”, disse Fernandes. Ele ainda completou que vai conversar sobre o assunto com o prefeito Marco Bertaiolli quando ele voltar de compromissos fora da cidade.
O tesoureiro do sindicato, Benedito Francisco Filho, disse depois da reunião na Câmara que a greve vai continuar. Logo cedo, nesta terça, enquanto o grupo estava em frente ao Paço Municipal, ele tentou contato com o prefeito Marco Bertaiolli. “Mais uma vez não fomos recebidos. Apenas avisaram que nosso prefeito está em reunião e que depois seguirá para São Paulo, de onde viaja para Brasília. Ele deve ficar dois dias afastado.” De acordo com o sindicato, parte dos funcionários do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae), das secretarias de Serviços Urbanos, Educação, Saúde, de Assistência Social e do Pró-Mulher aderiu à paralisação. A prefeitura de Mogi disse, por meio de nota, não ter informações sobre a participação de funcionários do Pró-Mulher na paralisação.
Pelo menos três escolas tiveram aulas suspensas nesta terça- feira (4), em Mogi das Cruzes, por causa da greve de servidores municipais. Em nota, a Prefeitura informou que “não há escolas fechadas, e sim estabelecimentos com número reduzido de funcionários”. Alunos das escolas Guiomar Pinheiro Franco e Terezinha Soares foram dispensados. No Cempre Ruth Cardoso, apenas foram liberados os alunos da Educação Infantil, enquanto os do Ensino Fundamental foram atendidos nas atividades extracurriculares. A Secretaria Municipal de Educação ainda informou que irá avaliar como será feita a recuperação do período sem aulas.
A principal reivindicação dos grevistas é o reajuste salarial de 15%. “Entregamos uma pauta ao prefeito em 17 de janeiro com 37 itens e até agora não obtivemos resposta. A prefeitura deu um reajuste de 5,1% que foi apenas uma correção da inflação. Queremos 15% de aumento real, porque faz 20 anos que não tem. Também exigimos R$ 250 de vale-refeição e R$ 350 de cesta básica”, afirma o tesoureiro do sindicato, Benedito Francisco de Souza Filho.
De acordo com a Prefeitura, um grupo de estudos foi formado pela administração em fevereiro para analisar a pauta de reivindicações. Não há prazo para a conclusão da análise.
Durante uma coletiva na tarde de segunda- feira, o secretário Municipal de Gestão, Marcos Regueiro, descartou qualquer tipo de negociação com o sindicato da categoria e ainda informou que se for preciso a Prefeitura irá recorrer à Justiça. “Se a greve continuar não descartamos a possibilidade de ir à Justiça. Os servidores que não foram trabalhar terão os dias descontados”, declarou Regueiro.
Plano de carreira
Depois de uma assembleia realizada na noite de segunda, mais funcionários entraram em greve, principalmente os professores. Entre as principais reinvidicações, segundo o educador Luciano Cores, está a discussão do Estatuto do Magistério e a destinação da jornada de trabalho para o planejamento pedagógico. “Nosso estatuto está congelado desde 2004. Queremos mais transparência na discussão e mais participação da categoria. Além disso, desde abril não temos nenhum horário disponível para a avaliação e planejamento pedagógico, que é exigido por lei.”
A Prefeitura informou que a Lei Federal determina que a partir de 2014 um terço da jornada docente seja destinada ao planejamento. A decisão da Justiça sobre a aplicação da legislação saiu apenas no final do ano passado e, a partir disso, existe uma comissão de estudos trabalhando nas propostas para a implantação deste dispositivo. Já com relação ao Estatuto do Magistério, uma revisão foi iniciada em 2009 e aguarda a conclusão dos estudos de implantação, de acordo com a administração municipal.
Fonte: G1