15.01.2023 08:27 0
Tom Barros e Felipe Michel Braga*
O que observamos no dia 8 de janeiro, com a invasão e depredação das sedes dos Poderes da República em Brasília, pode ser considerada a expressão máxima da nossa falta de coesão social. O presidente do Congresso Nacional Rodrigo Pacheco dizia uma semana antes, em seu discurso na cerimônia de posse do presidente Lula: “Para além do ensino teórico, a educação brasileira deve englobar conceitos de cidadania, diversidade, respeito, ética. Precisamos, enfim, formar cidadãos”.
No Brasil, matamos e morremos aos milhares no trânsito, somos estruturalmente racistas e marginalizamos minorias, boa parte das nossas famílias está endividada para além da sua capacidade de pagamento e percebemos muito alta a corrupção política, ética e moral. Porém, o mais grave dos efeitos desse fenômeno em que prevalecem a falta de uma visão comum de futuro e a descrença nas instituições, são as ameaças à democracia e à paz, exatamente como vimos no último domingo. Não há apenas indiferença social, já bastante nociva. O “outro”, o diferente, é visto como inimigo.
Elementos de agregação em uma sociedade podem nascer de fatores distintos, como a união necessária para sobreviver a períodos de extrema escassez, crises sanitárias agudas e guerras. A percepção de que viver juntos é melhor do que “cada um por si” por vezes vai sendo transmitida pouco a pouco. Antes, esse sentimento comunitário, de que dependemos uns dos outros, deve estar disseminado na cultura. Felizmente, aquilo que não se observa ou se experimenta diretamente pode ser aprendido.
Fonte: Congresso em foco