“Usuário de crack não é problema de polícia. É um problema de saúde e assistência”, afirma a delegada Valeria de Aragão Sádio, de 35 anos, nova titular da Delegacia de Combate às Drogas do Rio de Janeiro.
Valeria participou das 63 operações realizadas em cracolândias do município desde março de 2011, época em que assumiu a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. As ações, em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência Social e a Polícia Militar, resultaram no recolhimento de 3.195 pessoas. Desse total, 475 eram crianças ou adolescentes e 104 foram internadas de forma involuntária.
“Eles não são retirados de suas casas. São retirados das ruas, quando não há parentes por perto e depois que uma equipe médica avalia o grau de dependência química. Não é uma decisão da delegada ou do secretário”, explicou Valeria. Ela afirma que em nenhuma das operações houve tiro.
Antes de assumir o novo gabinete, ela participou de duas reuniões com representantes do governo federal para dar início ao Plano de Enfrentamento ao Uso do Crack no Estado, anunciado em dezembro pela presidente Dilma Rousseff.
Para a delegada, o Rio foi escolhido como piloto do programa “não só pela ambiência política favorável”. “Há a afinidade entre os governos, mas também por estarmos combatendo seriamente o crack, já fazendo ações que o plano prevê, como a integração entre órgãos de esferas distintas e a questão do abrigo involuntário para tratamento.”
O plano nacional prevê três fases: prevenção, cuidado e autoridade. “A polícia vai atuar no eixo da autoridade, sempre com ações articuladas. É bom não ir sozinho, porque um órgão cuida do outro para que não haja nenhum prejuízo aos direitos humanos”, diz a policial.
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