Com o crescimento da população mundial e com grande parte dessa população vivendo em áreas urbanas, é cada vez mais necessário o desenvolvimento de um projeto de deslocamento otimizado nas cidades. Ao mesmo tempo, a pressão para reduzir custos e otimizar operações é uma constante que os gestores municipais continuam a receber.
Por causa dessas tendências, cidades grandes e densamente populadas dependem cada vez mais de viagens subterrâneas para otimizar o fluxo de tráfego, melhorar a infraestrutura e a logística e liberar um espaço valioso para os cidadãos. Em outras palavras, com a necessidade crescente de otimizar espaço e deslocamento, é importante pensar que os túneis estão se tornando cada vez mais necessários. Neste espaço, a iluminação é um dos aspectos mais visíveis para os cidadãos e utilizadores destas importantes obras de infraestrutura.
Os túneis, uma vez construídos, não podem ser vistos como buracos escuros sem fim pelos motoristas. Devem ser confortáveis e seguros para conduzir, e uma iluminação de boa qualidade desempenha um papel fundamental a este respeito. Para além da iluminação funcional, existe a iluminação decorativa ou arquitetônica e, tal como nas pontes ou monumentos, nos túneis também pode servir para transmitir e mostrar a identidade da cidade. Em ambos os casos, com uma iluminação de qualidade, corretamente desenhada e implementada e ao mesmo tempo cativante, não só a sua operação, mas sua percepção, pode ser transformada.
Com a crescente preocupação com o custo e o impacto ambiental do alto consumo de energia, são necessárias soluções de iluminação em túneis que consumam menos energia e, consequentemente, reduzam as emissões de carbono. A iluminação LED atende a esses requisitos, especialmente agora que se tornou mais acessível.
Por outro lado, a iluminação dos túneis deve ser operacional e sustentável a longo prazo, o que implica também a implementação de sistemas de controle e gestão automatizados. Uma luminária controlada e otimizada torna-se, cada vez mais, a proposta mais atrativa para este cenário.
Antes de entender como obter o melhor sistema para o projeto, deve-se considerar que a operação de um túnel rodoviário dependerá sempre do planejamento e construção do projeto, antes de seu comissionamento. Isso significa que devemos considerar que as soluções que adotarmos na implantação afetarão as fases subsequentes da operação e, consequentemente, o custo operacional dos túneis. De acordo com a PIARC® (World Road Association), quando a fase de construção leva entre 3 e 10 anos, a fase de operação pode chegar a 20 anos. E pode levar até 100 anos antes que o túnel precise de uma grande renovação. Isso nos mostra que um bom projeto não é necessariamente o mais econômico em seu investimento inicial, mas aquele que leva em consideração os benefícios de um bom planejamento de custos e sua eficiência econômica ao longo de toda a vida operacional do túnel.
Segundo o PIARC®, a par dos dispositivos de ventilação, bombeamento e segurança, a iluminação é um dos sistemas que implica um maior consumo de energia durante o funcionamento normal do túnel. É por isso que a aplicação de tecnologias para a otimização deste sistema torna-se crucial e necessária durante a implementação.
Os gerentes de projeto, então, devem começar a planejar como fazer essa implementação. A iluminação convencional foi usada por quase 100 anos com inovação muito limitada. Quando os LEDs entraram na iluminação pública, pensava-se que demoraria muito para que pudéssemos aplicá-los também em túneis. Porém, desde 2010, túneis completos já eram iluminados de forma eficiente com LEDs, reduzindo o consumo de energia e possibilitando a automação.
Com a aplicação destas luminárias, já conseguimos obter reduções no consumo de energia elétrica importantes na iluminação. Mas é sempre importante sublinhar que é sempre necessário desenvolver um projeto de engenharia profissional, de acordo com as normas nacionais e internacionais, para garantir principalmente que o túnel tenha iluminação que o possibilite a sua utilização.
Da mesma forma, implementando um conceito ainda mais recente, a automação destas luminárias dinamizaria o funcionamento do túnel de acordo com os níveis de iluminação exigidos num determinado momento. Podemos, por exemplo, adaptar os níveis de iluminação das luminárias quando são novas, evitando assim o fluxo luminoso adicional que normalmente se observa no início da sua vida útil, ou ainda através da redução do fluxo luminoso à noite e dias nublados ou de acordo com o tráfego.
Além dos claros benefícios de economia de energia, pode-se dizer que um sistema automatizado facilita e economiza a operação de manutenção do túnel. Por exemplo, ter um sistema remoto permite detectar a utilização de cada luminária e otimizá-la de acordo com o funcionamento, permitindo assim o diagnóstico remoto de falhas que possam ocorrer na instalação e reduzindo os tempos de verificação e reparo no local.
O próximo passo é, como já mencionado, a integração da iluminação à central de gestão de túneis (SCADA), permitindo assim a troca de informações entre os diferentes sistemas e permitindo uma tomada de decisão mais inteligente, combinando de várias aplicações e automatizando o seu funcionamento.
Estes sistemas já existem no mercado em diversas variações e arquiteturas, com diferentes tempos e dificuldades de instalação, diferentes linguagens de programação ou protocolos de comunicação, entre várias outras características. Assim, ao estudar a possibilidade de implementação de um sistema de controle para o túnel, aspectos como a redução do tempo de instalação e manutenção, o uso de arquiteturas e protocolos de controle aberto, a facilidade de integração e o uso de linguagens de programação comuns devem ser considerados com muito cuidado pelo gestor. A contratação de profissionais de engenharia especializados nestes sistemas pode ser recomendada, uma vez que várias das características consideradas são altamente técnicas e podem exigir estudos, validações e testes antes da implementação formal.
Como recomendação na execução do projeto, podemos dizer que o projeto de iluminação de um túnel é feito por profissionais de engenharia e que devemos levar em consideração os diversos aspectos da contratação no túnel. A intenção deve se concentrar em projetar levando em consideração as várias partes interessadas e aqueles envolvidos no processo. Como principais características de cada um deles, podemos citar:
- Proprietários e operadores de túneis: eles procuram soluções de iluminação que sejam eficientes, confiáveis, seguras, fáceis de controlar e manter. Com informações claras sobre o estado do sistema de iluminação, sua vida útil e manutenção, otimizando e protegendo o seu investimento.
- Empreiteiros / instaladores de túneis: soluções de iluminação que estão disponíveis como um sistema totalmente integrado e fácil de instalar, com possibilidades claramente definidas de integração do sistema.
- Empresas de manutenção de túneis: soluções duradouras e de fácil manutenção, com sistema de controle e monitoramento que fornece informações sobre o estado de sua instalação para que você também possa planejar as manutenções de rotina.
- Usuários de túnel: projetos com boa reprodução de cores e uma temperatura de cor adequada para melhorar a visão e percepção dos motoristas.
A iluminação é um dos aspectos do túnel que mais nos deve preocupar durante a sua concepção e implementação, cabendo sempre aos profissionais de engenharia a decisão. Há luz no final do túnel, devemos apenas contratar um especialista para garantir que é a luz correta.
Referências:
COMITÉ DE LA AIPCR DE EXPLOTACIÓN DE TÚNELES DE CARRETERA. “Guía de las mejores prácticas en materia de análisis del ciclo de vida, para los túneles nuevos y existentes”, referencia 2012R14, PIARC, 2015.
COMITÉ DE LA AIPCR DE EXPLOTACIÓN DE TÚNELES DE CARRETERA. “Plan estratégico 2020-2023”, PIARC, 2020.
ASOCIACIÓN MEXICANA DE INGENIERÍA DE TÚNELES Y OBRAS SUBTERRÁNEAS, A. C., “Obras Subterráneas”, referencia ISSN 2007-7351, Año 7 – No 25, Mayo-Agosto 2019
Adalberto Battistini, Engenheiro Eletricista formado pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie, pós-graduado em Gestão de Marketing pelo Insper e Gestão de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas. Possui experiência de mais de 15 anos no mercado de iluminação profissional, com especialidade em sistemas de gestão, controle a aplicação de soluções de eficiência energética. Na Signify é o responsável pelo suporte e desenvolvimento de novos negócios na região da América do Norte e Latina.
Fonte: Inpress
Ricardo Fonseca de Sousa
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