A população americana não elege diretamente o presidente. Ela vota pra eleger os eleitores, os delegados do colégio eleitoral, que então vão votar para presidente. O voto da população também pode ser pelo correio. Esse ano ele é recorde e o centro da polêmica.
Por Jornal Nacional
Essa resposta provocou uma preocupação imediata, porque o sistema eleitoral americano tem características bem particulares, que podem retardar muito o resultado oficial da eleição.
A população americana não elege diretamente o presidente. Ela vota pra eleger os eleitores. São os tais delegados do colégio eleitoral, que então vão votar para presidente.
O voto da população também pode ser pelo correio. Esse ano ele é recorde e o centro da polêmica.
A campanha de Trump montou um batalhão que já avança pelos estados em uma guerra judicial contra o voto nos envelopes. A contagem, que levaria dias, pode ser contestada por semanas.
Então, em uma apuração assim confusa, a gente espera que a Justiça Eleitoral, o TSE, entre em jogo e resolva as dúvidas, né? Mas os Estados Unidos não têm um TSE. Não têm nem uma Justiça Eleitoral federal. Cada estado cria sua própria legislação.
Um caso assim pode terminar em um problema sem precedentes: o mandato do presidente acaba, e ainda não há o outro presidente eleito para assumir. E surgem três cenários.
Os governadores país afora podem indicar a lista dos delegados, independentemente de que partido ganhou no voto popular. Se olharmos para os estados-chave, listas enviadas por governadores republicanos podem decidir a eleição a favor de Trump. Mas ações judiciais dos democratas podem impedir ou questionar essas listas.
O impasse, então, leva para o segundo cenário possível: a Suprema Corte, onde juízes indicados pelo Partido Republicano já são maioria.
Em 2000, na disputa entre o republicano George W Bush e o democrata Al Gore, uma decisão da Suprema Corte acabou dando a vitória a Bush. Mais de um mês depois da eleição. E isso foi em apenas um estado, na Flórida. Agora os processos devem vir de todo o país.
Se dessa vez demorar mais, chegamos ao terceiro cenário possível, uma decisão da Câmara dos Deputados. Sim, a Câmara tem maioria democrata. Mas não, não é tão simples. No caso da decisão de uma eleição sem resultado, a votação não é normal, com os 430 deputados. Cada estado tem apenas um voto, que é decidido pelos deputados de suas bancadas.
Isso cria um equilíbrio de forças completamente diferente. A Califórnia, por exemplo, tem 53 deputados – 45 são democratas. Seria um voto a favor de Biden. O estado do Kansas tem só quatro deputados; como três são republicanos, o voto do estado iria para Trump.
Hoje, em 26 dos 50 estados americanos, as bancadas têm mais deputados republicanos. Esses cenários são inéditos e com consequências imprevisíveis. Uma delas pode ser o aumento da violência por motivos políticos, que a gente já está vendo, como os confrontos entre ativistas negros e milicianos brancos que já resultaram em mortes durante protestos.
Fonte: G1