Faça um breve perfil sobre a sua atuação e objetivos como Secretário de Manutenção e Serviços Urbanos de Santo André (SP).
Minha atuação no serviço de iluminação pública é recente. Apesar de pertencer ao quadro efetivo da Prefeitura de Santo André há mais de 29 anos e atuando na área de serviços urbanos, iniciei meus serviços na área de iluminação pública em 2.013.
Meu objetivo sempre à frente da pasta foi dotar a prefeitura de Santo André de uma estrutura própria para sair da dependência exclusiva de serviços terceirizados e melhorar a eficiência do sistema, modernizando o parque de IP para reduzir os custos com energia elétrica e ao mesmo tempo, melhorar os índices luminotécnicos das vias da cidade, conseqüentemente, melhorando o serviço prestado à população.
Em 2014, por intermédio da Resolução Normativa nº 414/2010, a ANEEL dispôs que as distribuidoras que ainda estivessem operando e mantendo ativos de iluminação pública deveriam transferir estes ativos (luminárias, lâmpadas, relés e reatores) às prefeituras. Explique como foi feito essa transição no seu município.
O município de Santo André não foi atingido pela Res. 414/2010 da ANEEL uma vez que já havia assumido o parque de iluminação pública desde o ano de 2.002.
De 1.982 a 2005, a manutenção e ampliação do parque de iluminação pública da cidade era diretamente feito pela concessionária de energia elétrica, mediante um contrato de prestação de serviços firmado com base na exclusividade, ou seja, apenas a concessionária poderia realizar intervenções no sistema de iluminação pública.
A partir de 2002, foi instituída a cobrança da CIP (Contribuição de iluminação publica) e a Prefeitura de Santo André passou a contratar no mercado prestadores de serviço para a manutenção de iluminação pública de praças, parques e vias onde a infra-estrutura era subterrânea. Em 2006 passamos a contratar também o serviço para as vias ordinárias e circuitos aéreos e nessa ocasião iniciou-se um processo de modernização do parque de IP.
Por uma questão estratégica, em 2013 a Prefeitura de Santo André criou uma estrutura própria para prestação de serviços de iluminação pública e hoje os serviços são feitos em parte por terceiros e parte por estrutura própria.
Hoje, o parque luminotécnico de Santo Andre conta com cerca de 5.000 pontos de iluminação instalados. Explique que tipo de luminária foram instaladas e quais benefícios trouxe para a população do município. Ou seja, como era ante e agora como está agora.
O parque de IP da cidade conta hoje com aproximadamente 53.000 pontos, divididos ainda em 2 tecnologias distintas, ou seja, lâmpadas de descarga (vapor de sódio e vapor multimetálico) e luminárias LED, com uma migração em ritmo acelerado para a tecnologia LED.
Desde 2.013, foi implantado na cidade um programa de modernização da iluminação pública denominado “Banho de Luz”. A principal atividade era a substituição de luminárias obsoletas, com eficiência na casa 15 a 20% por luminárias modernas, com lâmpadas de descarga e eficiência na ordem de 85 a 90%¨. Isso provocou uma melhoria enorme nos índices luminotécnicos da vias, sem, contudo, reduzir o consumo de energia elétrica.
Em 2.013, a tecnologia LED ainda era muito cara e sua eficiência muito menor que hoje.
Na época, as luminárias do mercado apresentavam eficiência luminosa da ordem de 80 a 85 lm/W e um custo de R$ 20,00 a R$ 25,00 R$/W (reais/watt).
Com a evolução da tecnologia e escala de fabricação, além da eficiência luminosa ter quase dobrado (hoje é comum no mercado luminárias com eficiência luminosa da ordem de 150lm/W) o custo diminuiu muito, inclusive, deixou de ser analisado em R$/W e passou a ser computado em termos de lm/R$.
A partir daí, passamos a adotar exclusivamente a tecnologia LED para as substituições, modernizações e eficientizações no parque de IP da cidade.
Dos 53.000 pontos do parque de IP de Santo André, 30.000 serão de tecnologia LED até maio de 2.020 e o restante, até dezembro de 2.021 e esse trabalho está sendo e será realizado unicamente com recursos próprios do município.
Também é feita uma diferenciação da iluminação de acordo com a hierarquia viária, nas e nas áreas de grande aglomeração de pessoas. Nesses locais, usamos temperatura de cor mais alta no entorno dos equipamentos públicos e nas vias de grande circulação, que chamamos de “corredores Brancos”.
No desenvolvimento do projeto de IP, o município contou com a colaboração de vários parceiros especializados no segmento. Explique quais foram os parceiros, as soluções e a tecnologia que cada um deles disponibilizou para que o projeto de iluminação fosse um sucesso.
Na busca pela melhoria da qualidade da prestação dos serviços de iluminação, além de investir em pessoal, equipamentos e treinamento, investimos também no desenvolvimento de ferramentas e sistemas informatizados de gestão que permitissem o acompanhamento de serviços e detecção de falhas no menor tempo possível.
Temos hoje um sistema de gestão de serviços de IP (SGSIP) desenvolvido em parceria com a empresa Mitra Sistemas, de Araraquara, que nos permite o acompanhamento em tempo real de todos os serviços realizados sem a utilização de uma única folha de papel, sequer.
Todas as nossas equipes trabalham com tablets com acesso à internet e, portanto, ao SGSIP possui diversos módulos e permite o registro e acompanhamento de tudo o que é realizado.
Nossos prazos de atendimento são muito bem controlados, fazendo com que o tempo médio de atendimento de uma solicitação de reparo de ponto apagado tem ficado em torno de 19 horas.
As solicitações de serviços podem ser feitas por telefone ou diretamente por um módulo de auto atendimento do sistema via internet.
Por qualquer via que seja feito o pedido, o solicitante, se informar um telefone válido, recebe informações do atendimento.
Ao longo do tempo, apesar de fornecermos vários canais de atendimento, percebemos que a população se incomoda com as falhas do sistema, mas nem sempre está disposta a abrir os chamados para reparo.
Quando o faz, normalmente a falha já ocorreu há dias e o cidadão já está irritado pelo fato de não termos percebido a tal falha assim que ela ocorreu.
É comum recebermos no call-center reclamações do tipo: “faz 15 dias que o poste em frente a minha casa está apagado e até agora ninguém veio consertar!”
Sem emprego de tecnologia adequada é humanamente impossível fiscalizar 53.000 pontos de iluminação distribuídos por mais de 1.300 km de vias públicas em curto espaço de tempo, motivo que nos levou a pesquisar e investir em sistemas de telegestão.
Nesse quesito específico, experimentos vários sistemas com diferentes tecnologias e o que nos pareceu mais interessante, em termos de custo, tecnologia e facilidades, foi o sistema da KDL.
Iniciamos seu uso em 2.014, hoje contamos com mais de 4.500 pontos telegeridos e nossa meta é chegar a 12.000 pontos até maio de 2.020.
Priorizamos para instalação da telegestão as vias de maior movimento, que possuem ocupação mais industrial e ou comercial, pois nesses casos, como há menos moradores, o chamado de manutenção espontâneo por parte do cidadão é ainda mais difícil.
A solução de telegestão desenvolvida pela KDL foi perfeitamente integrada ao sistema de gestão de serviços da Mitra Sistemas e hoje em uma única plataforma, conseguimos em tempo real, acompanhar todos os parâmetros e manipular os pontos onde o sistema está instalado.
Explique, exclusivamente, de que forma a KDL e o Sistema de Telegestão SIM foram essenciais para o parque luminotécnico.
Os sistemas de telegestão, ao contrário do que muito se apregoa, não trazem grandes economias, pois a redução de potência em horários de menor uso, é limitada pelo projeto luminotécnico e classificação da via de acordo com a NBR 5101.
O maior ganho se dá no tempo de resposta e prazos de atendimento que são muito reduzidos e também no acompanhamento e controle dos parâmetros elétricos do sistema.
A KDL desde o início de nossas tratativas sempre foi aberta e disponível para implementar os desenvolvimentos que requeremos para adaptar o sistema que já havia projetado ao caso particular de Santo André, assim como, nos presta todo o suporte técnico de pós venda.
O Sr. gostaria de destacar algum outro ponto sobre a IP de Santo André que não foram abordado nas perguntas anteriores?
A iluminação pública é o segundo melhor serviço mais bem avaliado pela população da cidade e isso se deve principalmente ao comprometimento de nossas equipes e parceiros comerciais.
Além de KDL e Mitra Sistemas, precisamos destacar também a empresa Terwan Engenharia de Eletricidade Ind. Com. Ltda. nosso prestador de serviços de manutenção que está totalmente integrada aos demais parceiros e nossas equipes.
Revista Prefeitos&Gestões
One Comment
Lauro Milero
Matérias como essas que compartilham as experiências em administração pública de outros municípios são bem interessantes e bem vindas.